quarta-feira, 5 de março de 2008

POR QUE SE RELACIONAR COM CRISTO?

Na postagem passada vimos um pouco sobre o 5º capítulo do livro de Cantares e sobre aquilo que ele descreve. Percebemos como à esposa conhecia muito bem o amado a ponto de descrevê-lo com detalhes que poderiam passar desapercebidos aos olhos de qualquer outra pessoa. Então, vimos que diante da riqueza de tantos detalhes descrevidos, somente uma intimidade muito profunda permitiria tal coisa. E, nesse capítulo é esse o encorajamento deixado a cada um que passa seus olhos pelas palavras nele contido: que tenhamos um relacionamento sincero, verdadeiro, puro e profundo com o nosso Senhor Jesus Cristo; que conheçamos muito além da estória Dele, conheçamos à pessoa de Cristo.

Hoje, meu propósito é dar um passo mais adiante desse assunto percorrendo mais um pouco dentro do livro de Cantares. Se, anteriormente foi colocado o ponto de que devemos criar um relacionamento e uma intimidade com Cristo, agora será colocado o porque dessa necessidade de uma comunhão séria com Ele. Vejamos então alguns pontos que reforçam essa necessidade:

  • A genuína satisfação só é encontrada em Cristo: inicialmente, no 1º capítulo de Cantares, podemos ver que a esposa mostra-se bastante desejosa de se aproximar da presença do seu amado; percebemos que ela estava longe dele. O desejo que ela tem de ser beijada com os beijos da boca do seu amado mostra que ela anseia por ter algo muito além de um relacionamento comum; ela deseja ter uma comunhão muito íntima com seu amado. Esse relato nos leva ao livro de Apocalipse, no capítulo 2 versículo 4, onde a igreja em Éfeso é advertida pelo próprio Senhor por ter abandonado o primeiro amor. Digo isso porque todos nós, ou pelo menos a maioria, já tivemos essa experiência do primeiro amor com o nosso Senhor, e sabemos que esse primeiro amor nos move a fazer muitas coisas. Quando temos essa primeira experiência com Cristo, ficamos horas lendo a Tua palavra, falamos Dele para aqueles que nos rodeiam, passamos bastante tempo diante de Tua presença buscando-O e ouvindo-O; abandonamos os nossos afazeres para dedicar o nosso tempo e a nossa vida à Ele. Que grande milagre esse primeiro amor proporciona! E, assim como a lâmpada do candelabro devia ficar acesa continuamente, assim também o nosso primeiro amor por Cristo deveria permanecer continuamente. Digo deveria porque sabemos que na maioria das vezes isso não acontece; o nosso primeiro amor se esfria, vai apagando, enfraquecendo, e então, começamos a nos afastar de Deus.

    Ainda no versículo 2 deste 1º capítulo de Cantares, a esposa diz que o amor do amado é melhor do que o vinho. Neste ponto fica claro que, para dizer isso, ela teve que experimentar o sabor e os efeitos do vinho. Neste verso, o vinho representa a alegria e os prazeres do mundo. Quando o nosso amor por Cristo se esfria, corremos o grande risco de buscarmos satisfação em outras coisas; buscamos satisfação naquilo que o mundo nos oferece. E é claro que aquilo que o mundo oferece nos traz uma certa satisfação, mas sabemos que esta satisfação e este prazer trazido pelo mundo é apenas momentâneo e passageiro. Isso é tão verdade que podemos observar várias pessoas neste mundo insatisfeitas com aquilo que tem e com o que fazem. Vemos que elas nunca se contentam com a situação que vivem, sempre querem mais; elas estão buscando algo novo constantemente, pois têm necessidade de suprirem algo na vida delas, mas com já dito, as coisas deste mundo suprem esse lado apenas por um curto período. Não foi em vão que em João 4.13,14, Jesus disse àquela mulher samaritana que aquele que bebesse da água que Ele desse nunca mais teria sede, mas aquele que bebesse da água daquele poço voltaria a ter sede. Jesus é a agua viva! E aquele que bebe de Cristo, não apenas encontra satisfação total, mas também se torna uma fonte a jorrar para a vida eterna. No versículo 15 desta passagem percebemos como a mulher necessitava dessa satisfação genuína, tanto que, imediatamente, ela expressou o seu desejo de receber dessa água viva para não mais ter sede e nem precisar voltar àquela fonte para buscar água.

    Sem comunhão com Cristo, é impossível estarmos saciados. Sem intimidade com Cristo, é impossível não termos sede. Sem um verdadeiro relacionamento com Cristo, é impossível encontrar satisfação.

  • A vontade de Deus só é cumprida naqueles que estão Nele: "Dize-me, ó amado de minha alma: onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes repousar pelo meio-dia, para que não ande eu vagando junto ao rebanho dos teus companheiros?" (Cantares 1.7)

    Primeiramente analisemos a expressão "vagando" no verso acima. Pelo dicionário Michaelis, o verbo "vagar" significa: andar errante ou sem destino; errar, vaguear; correr, percorrer sem rumo certo. Através destes significados, fica claro então que a esposa estava andando errante, sem rumo certo; ela não tinha uma direção ou um destino a seguir. É assim que se sentem todos aqueles que se afastam do Senhor buscando saciedade em outra fonte. Sabemos que a satisfação plena de todo e qualquer ser humano é encontrada em Jesus Cristo, e à partir do momento que o ser humano se afasta de Deus, ele sente-se perdido, não sabendo qual direção deve seguir e nem que caminho escolher.

    No evangelho de Marcos, naquela situação em que um dos escribas perguntou a Jesus qual era o principal de todos os mandamentos, Cristo respondeu: "Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força" (Mc. 12.30). TODO. Se o adjetivo "todo" significa "completo, integral, inteiro", concluímos então que o Senhor quer que o amemos de maneira completa, sem faltar em nada; Ele quer que o amemos por inteiro, e não somente numa parte. Hoje em dia, é muito fácil dividir o nosso coração com o Senhor e as coisas deste mundo; é muito fácil cedermos espaço para aquilo que é passageiro. Temos amado o nosso trabalho, o nosso conforto, os nossos familiares (Mt. 10.37) e entes queridos mais do que deveríamos, mais do que a Cristo. Temos amado a nossa própria vida mais do que a Cristo (Jo. 12.25). Realmente irmãos, despojando o nosso amor em tantas coisas instáveis, é inevitável que faremos uma busca sem fim por algo que nos satisfaça.

    Outro ponto que devemos atentar no versículo acima é para a frase "onde apascentas o teu rebanho". O verbo apascentar, dentre alguns dos seus significados, se refere a pastorear. Dentro disso vemos que o amado é figurado como pastor. Sendo o amado uma figura de Cristo, podemos então dizer que Jesus Cristo é o pastor. E, quando Cristo desempenha esta função de pastor, nada nos falta (Sl. 23.1). O grande problema acontece quando estamos longe do Senhor. Diante de uma situação como essa, Ele não consegue cumprir em nós a Sua função como pastor, já que as nossas paixões e as nossas buscas estão nas coisas deste mundo.

    Cristo, como pastor, deseja nos guiar. Ele quer que vejamos a nossa total dependência à Ele. Ele sabe aquilo que é melhor para os Seus. Pode acontecer o fato de que, guiados pelo Senhor, nos distraiamos em algum momento com as coisas deste mundo. Essa distração pode nos levar a caminhos que não conhecemos, caminhos perigosos. E, pode ser que nos afastamos tanto, que quando desejamos voltar à Ele, já não sabemos o caminho de volta. Graças ao nosso bom pastor, porque Ele nos busca, e Ele nos acha.

    Agora, o que tem a ver tudo isso colocado acima com a vontade de Deus em nós? O que tem a ver afastarmos de Deus e andarmos sem rumo; não amarmos a Deus de todo nosso coração; Cristo ser pastor; com a vontade de Deus ser cumprida em nossas vidas? Bem, temos Cristo por nosso pastor e Aquele que nos guia em nossa jornada cristã. Quando o amamos profundamente e genuinamente, permanecemos próximo Dele e então Ele cumpre Sua vontade em nós. Mas o contrario também é verdadeiro. Quando, na nossa caminhada cristã, começamos a amar outras coisas que não estão em Cristo, então desviamos daquilo que é o desejo de Deus em nós, nos afastamos Dele, e enquanto mantivermos essa distância do Senhor, também manteremos esta mesma distância da vontade Dele.

    Os quatro evangelhos contidos na Bíblia representam quatro figuras de Cristo, e no evangelho de Lucas, Cristo é representado pela figura do Filho do Homem. Esta figura nos mostra uma relação de intimidade e dependência que o Filho tem com o Pai. Mas podemos ver, em outro evangelho, o de João, versículos que falam dessa comunhão e dependência de Jesus com o Pai. No capítulo 5 Jesus diz: "Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é justo, porque não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou" (v.30). Nesse versículo é possível observar esses dois pontos: comunhão e dependência. Diante disso, fica visível aos nossos olhos que Deus cumpriu Sua vontade no Filho pelo fato do Filho não desejar fazer a Sua própria vontade e também porque esta relação de intimidade permitiu ao Filho saber qual era a vontade do Pai.

    Colocado isso, temos que reconhecer que, assim como Jesus mostra-se dependente do Pai, assim também somos dependentes de Jesus (Jo. 15.5). E, essa dependência de Cristo e reconhecimento de que somos incapazes de escolher o nosso próprio caminho, automaticamente nos leva à uma relação de íntima comunhão com Cristo e aceitação do seu pastoreado sobre nós. Irmãos, o coração do homem é enganoso (Pv. 17.9), e se andarmos sem a condução do nosso pastor, trilharemos um caminho que ao final, certamente resultará em caminhos de morte (Pv. 14.12; 16.25).

    Se não temos encontrado satisfação em Cristo, é necessário que nos arrependamos e que peçamos que o amor ágape encha nossos corações para que amemo-O com sinceridade de coração. Se nossa vida não tem sido conduzida por Cristo, nosso pastor, que nos acheguemos a Ele com um coração contrito e quebrantado, tendo a certeza de que Ele deixará as noventa e nove ovelhas para buscar a centésima.

    Que Cristo nos satisfaça completamente. Que Ele seja o nosso pastor guiando-nos para a Sua vontade.

    Jesus, pois, lhes afirmou novamente: Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de Mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não lhes deram ouvido. Eu sou a porta. Se alguém entrar por Mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem. O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas Me conhecem a Mim, assim como o Pai Me conhece a Mim, e eu conheço o Pai; e dou a Minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a Mim Me convém conduzi-las; elas ouvirão a Minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor. (Jo. 10.7-16)