quinta-feira, 15 de maio de 2008

ESPÍRITO DE ARREBATAMENTO

"E vós sede semelhantes a homens que aguardam que o seu senhor retorne das bodas, para que quando chegue e chame, abram-lhe em seguida." (Luc. 12:36).

O Senhor Jesus ensinou que era necessário estar atento aos sinais da sua vinda para estar assim preparados. No entanto, a ênfase na cristandade tem sido conhecer os sinais, mas nem sempre para estar preparados, mas sim como um mero exercício intelectual, como mera curiosidade doutrinária.

Stephen Kaung adverte assim em um de seus livros: "Muitas profecias relacionadas com a sua segunda vinda são ensinadas e conhecidas em todo mundo cristão, como se todo o povo de Deus estivesse esperando a sua vinda. A mensagem sobre a segunda vinda do Senhor é provavelmente um dos temas mais populares nos círculos cristãos. Infelizmente, a realidade é que muito poucos estão na verdade esperando a sua vinda. Muito poucos, muito poucos, desta maneira, estão realmente preparando o caminho para a sua vinda".

A atitude desejável diante da vinda do Senhor é a da noiva que espera o Noivo. Somente esta figura, aplicada em um plano meramente humano, mostra-nos a espera e desejo, o pulsar do coração, a espera vigorosa e alegre da amada por seu amado. No entanto, no plano espiritual, parece que estamos muito longe disso. Certamente o Senhor sofre ao ver a atitude da sua amada, pela qual ele entregou a sua vida, que com tanta indiferença e mera curiosidade fala da sua vinda, mas sem desejá-lo fervorosamente. Como, pois, ele poderia apressar a sua vinda se sentir que não é desejado suficientemente por sua amada?

O compromisso com o mundo, a ânsia pelas coisas visíveis, o adultério do coração; tudo isso tem inquietado a noiva, de modo que não é capaz de sentir os puros afetos da feliz enamorada. Mas há fiéis que nos mostram o outro caminho, o correto e verdadeiro.

Dizem que Margaret Barber cada dia, quando o sol se punha, e cada fim de ano, quando todo mundo se enchia de folguedo, ela reclamava ao Senhor por que não tinha vindo ainda. Da mesma maneira, seu jovem discípulo Watchman Nee, viveu e escreveu sobre o "espírito de arrebatamento". Ainda mais, ele disse que a perda desta espera era um dos objetivos de Satanás na guerra espiritual.

Em seu poema "Desde Betânia", de Watchman Nee, encontramos uma bela expressão deste "espírito de arrebatamento":

Desde Betânia ao nos separarmos,
Surgiu um vácuo incessante em mim;
Como tirar a harpa do salgueiro
Ou entoar sem ter-Te junto a mim?
Ao vigiar à noite, solitário,
Indiferente ao gozo ou à dor,
Recordo a promessa de voltares;
Mas por que ainda não vieste, ó Senhor?

Esquecerias o que prometeste:
Vir e tomar-me para Ti enfim?
Mas tantos dias e anos já passaram
E ainda não voltaste para mim.
Teus doces passos soam mui distantes;
Que tempo mais terei de esperar?
Senhor, por Tua volta ainda aguardo,
Até que, mui glorioso, venhas me levar.